Custo de UTI covid-19, compraria vacina para toda população do Brasil

Sob todos os aspectos, vacinação é o melhor custo-benefício, mostra estudo em hospitais do SUS. Um único paciente com covid-19 custa cerca de 25.000 reais na rede hospitalar.
É uma conta difícil. A análise pública sobre o combate à pandemia envolve os custos econômicos das quarentenas e os tristes efeitos pessoais de vidas perdidas. Mas um estudo da empresa de gestão hospitalar Planisa busca trazer um outro número a esse debate: o gasto dos hospitais para atender os pacientes da covid-19.
Levantamento da Planisa feito em hospitais públicos estima que, com o valor gasto com pacientes de covid-19 que precisaram ser internados no ano passado, o Brasil conseguiria comprar vacinas para toda a população — e com sobra.Ao todo, a estimativa é que o Brasil tenha gasto 14,5 bilhões de reais em atendimento hospitalar aos pacientes com covid-19 (sem incluir ainda atendimento fora dos hospitais ou no qual o paciente não precisou de internação). Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil internou no período entre março e dezembro passado 579.026 pessoas, valor que foi usado pela Planisa para a estimativa.Com esse montante, seria possível comprar vacinas da AstraZeneca (a cerca de 30 reais) para 241,5 milhões de pessoas tomarem duas doses. Mesmo vacinas mais caras seriam abarcadas por esse valor em grande medida, o suficiente para vacinar mais do que os 210 milhões de habitantes brasileiros. Atualmente, o Brasil vacinou cerca de 4% da população.

O valor vem da amostra do estudo da Planisa, feita em nove hospitais de três regiões brasileiras. O custo de um paciente internado nesses hospitais foi em média de 25.006,21 reais, e cada paciente passou em média quase nove dias internado.

“Ou seja, com somente um paciente internado, é possível vacinar mais de 400 pessoas com duas doses. A imunização é mais barata do que qualquer tratamento”, diz Eduardo Agostini, diretor da Planisa.

Foram 18.610 pacientes internados nos hospitais analisados no período. Só com esse grupo (menos de 4% do total de internados brasileiros), foram gastos efetivamente 465,3 milhões de reais. Com o valor apenas nesses locais, poderia ser possível comprar 15,5 milhões de doses.

Todos os hospitais analisados são do Sistema Único de Saúde (SUS) e geridos por Organizações Sociais, nos quais a Planisa atual com seu sistema de gestão. Nacionalmente, a empresa tem mais de 300 hospitais clientes em 19 estados e no Distrito Federal, com 27.000 leitos sob gestão.

Agostini afirma que, embora os números sejam relativos, o levantamento é importante para tornar transparente o quanto a vacinação é, sob todos os aspectos, o melhor custo-benefício.

“Falar em custo-benefício na saúde é sempre muito complicado. O valor da vida não se mede”, diz o executivo. “Mas é importante mostrar para a população o quanto efetivamente custa um paciente internado. Quem paga isso somos nós. E tornar esse número transparente é um incentivo para dizer que temos de tomar cuidado e seguir o combo distanciamento e vacinação.”

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