O Sol pode ser uma das fontes de água da Terra, diz estudo

A origem dos mares e oceanos da Terra, um dos mistérios que têm chamado a atenção dos cientistas por séculos, pode ter sido desvendada por pesquisadores das Universidades de Curtin, na Austrália, e Glasgow, na Escócia. De acordo com a pesquisa, a provável fonte de água em nosso planeta é o Sol. Surpreendente, o resultado é descrito pelo pesquisador-líder Luke Daly como “meio copo de sol em cada copo d’água.”

Nesse sentido, o vento solar pode ter desempenhado um papel fundamental nesse “transporte” da água até a Terra. É que essas partículas provenientes da coroa solar são constituídas principalmente por íons de hidrogênio que, ao entrar em contato com os átomos de oxigênio presente na rocha dos asteroides, podem produzir água.

As conclusões tiveram como base estudos anteriores sobre meteoritos, nos quais se descobriu que essas rochas que viajam pelo espaço são surpreendentemente ricas em água, embora não exatamente a que temos em nossos mares, pois contém deutério, um isótopo mais pesado do hidrogênio. No entanto, é possível que, no início da história da Terra há 4,6 bilhões anos, os asteroides tenham trazido a água necessária para que nosso planeta se tornasse habitável.

Tirando água da pedra

Asteroide Itokawa. (Fonte: Eso/Divulgação)
Asteroide Itokawa. (Fonte: Eso/Divulgação)

Fonte:  Eso 

A proporção de deutério para hidrogênio (D/H) existente na água da Terra é de 1,56 × 10 –4, mas existem no sistema solar diferentes razões D/H segundo os astrônomos. Coautor do estudo, o professor Phil Bland, explica em um comunicado que o vento solar pode ter criado água “na superfície de pequenos grãos de poeira e essa água isotopicamente mais leve provavelmente forneceu o restante da água da Terra.”

Essa teoria do vento solar foi construída com base em uma análise detalhada, “átomo por átomo” segundo Bland, dos fragmentos do asteroide Itokawa, cujas amostras foram coletadas no espaço e trazidas à Terra pela sonda japonesa Hayabusa em 2010.  Uma análise feita pelo sistema de tomografia por sonda atômica da Curtin revelou que os primeiros 50 nanômetros da superfície do Itokawa continham água na proporção de 20 litros por metro cúbico de rocha.

Essa água é produzida pelo chamado intemperismo espacial. Os íons do hidrogênio presentes no vento solar, chamados de hídrons, penetram nos grãos de poeira, onde oxidam os minerais, criando a princípio a hidroxila (HO) que é formada por um átomo de hidrogênio e um de oxigênio. Posteriormente, a água (H2O) se forma, impregnando nuvens de poeira que, segundo Daly e sua equipe, “choveram” sobre uma jovem Terra nos primórdios do sistema solar.

ARTIGO Nature Astronomy: doi.org/10.1038/s41550-021-01487-w

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