Eduardo Kobra arrecada oxigênio para o AM e cria obras em cilindros

Conhecido pelo recorde de maior mural grafitado do mundo, o artista brasileiro Eduardo Kobra utilizou a mais nova obra, “Respirar”, por uma causa nobre.
Arrecadando R$ 700 mil na arte produzida em um cilindro de oxigênio de 1,30 m inativo, Kobra destinou o valor para a compra e instalação de duas usinas do gás que devem abastecer hospitais nos municípios de Alvarães e Itacoatiara, no Amazonas, e que devem começar a operar até sexta-feira (12).
Eduardo Kobra pintou um cilindro para parecer um recipiente transparente, com uma árvore plantada dentro. De acordo com o artista, a obra tem um significado importante.
“Além de expor a dor da pandemia, também é um alerta para a questão ambiental da nossa Amazônia, simbolicamente chamada de pulmão do mundo”, explicou. A arte deve ser instalada em um espaço público de São Paulo.
Primeira obra oficial do Instituto Kobra, a pintura foi arrematada antes mesmo de entrar em leilão por um grupo de voluntários do UniãoBR, um movimento nacional que age no combate à Covid-19 no Brasil.
“Neste momento difícil em que falta oxigênio em alguns hospitais brasileiros, quero agradecer aos voluntários do UniãoBR e ao Grupo VG pela aquisição desta minha obra”, escreveu o artista através das redes sociais.
Kobra também disse que as duas usinas de produção de oxigênio equivalem a 1,4 mil cilindros por mês. “Sopros de vida e esperança a pacientes de covid-19”.

Arte como transformador social

O recém-nascido Instituto Kobra, que começou a atuar em 2021, tem uma bandeira clara desde o início: utilizar a arte como instrumento de transformação social de adolescentes e jovens em estado de vulnerabilidade no Brasil.
O próprio fundador da entidade, Eduardo Kobra, exemplifica como o papel da cultura pode transformar vidas e realidades. Da periferia de São Paulo para o mundo, o artista nascido em um bairro pobre da zona sul paulistana tornou-se um dos mais reconhecidos muralistas da atualidade, com obras em 5 continentes.
O Instituto Kobra deverá promover ações, prioritariamente em comunidades periféricas, levando manifestações artísticas — não só das artes plásticas e do grafite, mas também da música, do teatro e da literatura — àqueles que costumam ter menos acesso a museus e centros culturais.
O Instituto Kobra também irá funcionar como um espaço para promoção de causas por meio da arte — principalmente aquelas que fazem parte dos princípios de Eduardo Kobra, ou seja, a defesa do meio ambiente, o discurso pacifista, a pauta antirracista, o respeito entre os povos e a luta pela liberdade.
Além do próprio Eduardo Kobra, a instituição deve viabilizar a presença de outros muralistas e grafiteiros, brasileiros e estrangeiros, que, por meio de intercâmbios culturais, irão levar arte, conhecimento e histórias de vida a esses jovens da periferia.

Obras
Desde os Jogos Olímpicos do Rio, em 2016, Kobra detém o recorde de maior mural grafitado do mundo – primeiro com “Etnias”, pintado para celebrar o evento, com 2,5 mil metros quadrados.
A marca foi superada por ele mesmo em 2017, com uma obra em homenagem ao chocolate que ocupa um paredão de 5.742 metros quadrados às margens da Rodovia Castello Branco, na Região Metropolitana de São Paulo.
Uma das obras mais famosas é “O Beijo”, executada em 2012 no High Line, em Nova York – apagada quatro anos mais tarde. Trata-se de uma releitura cheia de cores da imagem feita pelo fotojornalista norte-americano Alfred Eisenstaedt (1898-1995) em 13 de agosto de 1945, quando o povo saiu às ruas para comemorar o fim da Segunda Guerra Mundial.
Kobra começou a desenhar em muros na clandestinidade, como pichador, ainda durante a adolescência. O gosto pela espontânea arte de rua já era visível no garoto, que colecionava advertências por intervenções não autorizadas na escola e chegou a ser detido três vezes por crime ambiental – justamente por conta do uso irregular de sprays em muros das redondezas.

Fonte: Em Tempo.

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