
Bença Pai.
Bem cedinho ele dizia…e seus olhos já mostravam cansaço, pelas longas horas, que correria no dia.
Andava a pé, por tamanha estrada, até o lixão da cidade.
Catando latas, plástico reciclável para ajudar nas despesas de casa.
Era conta de água, de luz, de gás, de comida.
Seus dias de lutas e fadigas…
Ele era apenas uma criança pela vida e, mais nada.
Noutras paragens, estava nos sinais, com suas sacolas de balas e guloseimas.
Croquete, din-din, verduras…e no fundo dos olhos, uma grande tristeza.
Via crianças, iguais a ele, no mesmo horário, indo e vindo da escola…
Não sabia o que pensar, ou se sabia.
Dizia e agora?
Se o tempo continua a passar.
Nos sonhos, o que tinha para sonhar?
Se nessa criança, a criança, perdeu sua vida…
Que até parece, que sua história é maldita.
E se não é?
Quem se dispõe a ajudar.
Esses reles seres de lá, do mundo, chamado pobreza.
Que de escola não fala, e nem por curiosidade almeja.
Pois não sabe, como lá pode chegar.
Filhinhos dos filhos da vida.
Por essa Pátria parida, sem identidade e nem genealogia…
Crianças da vida e mais nada.
Seu brinquedo, é trabalho e trabalho…
Sua infância passou e nem viu.
Forçado a trabalho lascado.
Debaixo do sol, sem guarida.
O que dirão professores, qual será essa filosofia, que se alonga com palavras tão belas, enquanto seu alimento, é vento e mentiras.
Crianças jogadas ao mundo.
Crianças vivendo sem expectativas.
Criança que nem sabe, que é criança…
A fome, dói muito, ele sabe.
Mas dói, muito mais a cobiça, dos tantos que tem bolsos cheios, e deixam as crianças, os filhinhos dos filhos da Pátria, dormindo nas ruas e a mingua.
Pois o céu, é sua casa.
E a escola a dor de barriga.
O seu pai é o dia que passa… E quando homens, sem nada, perdem no acaso, aquilo, que nunca foi vida.
Quantos filhinhos são esses, dos filhos da Pátria.
Lauro Apolônio