“Xiborg”: exposição apresenta próteses paralímpicas de tecnologia japonesa

Nova exposição da Japan Housee (SP) exibe o trabalho do engenheiro Ken Endo, desde a criação de lâminas para atletas de alta performance até projetos sociais para pessoas com deficiência.

 

Quando pensamos no conceito de ciborgue, a imagem de um ser meio humano, meio robô automaticamente surge na nossa mente. O termo nasceu da junção das palavras “cybernetic” e “organism” (organismo cibernético) e pode parecer algo distante para a maioria das pessoas, mas, para algumas pessoas com deficiência que necessitam de próteses ortopédicas, é um termo que tem se tornado cada vez mais familiar.

Com uma junção de esporte, ciência e inclusão social, a exposição “Tecnologia em Movimento por Xiborg” apresenta o trabalho de Ken Endo, engenheiro japonês de próteses de alta performance para corrida. A mostra foi inaugurada na Japan House São Paulo na última terça-feira (8) e tem entrada gratuita.

Com curadoria do jornalista Marcelo Duarte, esta será a primeira mostra no mundo a revelar esse tipo de trabalho de design de lâminas para membros inferiores. A mostra, além de expor os materiais, também apresenta os projetos sociais que o japonês realiza no Laos, país no Sudeste Asiático, e nas escolas japonesas por meio de sua empresa Xiborg.

“O nome da empresa faz relação justamente com a palavra cyborg. O que Endo quer mostrar com isso é que, em alguns ambientes, existem pessoas que precisam da tecnologia para viver melhor”, explica Eric Klug, presidente da Japan House São Paulo à GALILEU. “Entretanto isso não significa que essa parte da população possua ‘algo a menos’, que é como muitas vezes a sociedade enxerga pessoas com deficiência, mas sim que possua ‘algo a mais’, devendo ser considerada ‘super-humana'”.

Ajudando o próximo

Eleito Jovem Líder Global em 2014 pelo Fórum Econômico Mundial, Endo iniciou esse trabalho quando recebeu a notícia de que seu melhor amigo havia sido acometido por um câncer e precisou amputar a perna durante o tratamento. Para buscar uma maneira de ajudar o colega a se recuperar, ele iniciou estudos no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), onde conheceu um professor que lhe serviu de inspiração.

O docente Hugh Herr perdeu parte de suas duas pernas ainda na adolescência quando sofreu um acidente enquanto praticava escalada. Ele começou a estudar processos para produzir próteses e tem ajudado dezenas de engenheiros a se tornarem especialistas nessa área. Ken Endo é um deles e, ao ver que isso poderia se tornar uma ação de grande impacto social, levou essa ideia para o Japão.

Devido ao difícil acesso a próteses específicas para esportistas, muitas crianças, jovens e adultos com deficiência desistem da prática. Percebendo isso, Endo fundou o instituto Xiborg Inc. em 2014 e, desde então, traz inovações ao segmento de lâminas para os membros inferiores, também chamadas de blades.

Imagem: Reprodução/Japan House SP/André Yamamoto

A mostra contempla um panorama da produção de próteses da Xiborg, expondo exemplares de lâminas que vão desde as mais simples, usadas no dia a dia, até as de alta performance, utilizadas por atletas nas Paralimpíadas, cada uma com uma técnica específica que se adapta ao usuário.

Além disso, é possível acompanhar uma linha do tempo que mostra o desenvolvimento dos produtos, vídeos com depoimentos dos usuários e uma área especial para os visitantes, que podem exercitar a empatia por meio da experimentação de uma prótese desenvolvida por Ken Endo.

“Na nossa exposição temos uma área onde há próteses que as pessoas poderão colocar para poder sentir na pele como uma pessoa com deficiência vive. É uma honra imensa mostrar esse trabalho no Brasil, é uma produção técnica e esportiva de alto rendimento, mas também é um trabalho de educação para a diversidade e inclusão”, destaca Eric Klug.

Correr é para todos

No âmbito social, destaca-se o projeto de Endo no Laos, que permite que atletas locais compitam com próteses mais baratas projetadas e doadas pela Xiborg. Há também o programa de educação em escolas japonesas, responsável por promover inclusão e empatia, possibilitando que alunos não-amputados sintam na pele, por alguns minutos, como é usar uma prótese, assim como acontece na exposição.

Outro destaque é a menção à Blade Library, criada em 2017, em Tóquio, que funciona como uma “biblioteca de próteses”, oferecendo locação do aparelho por valores acessíveis. Como próteses de corrida são caras, apenas atletas que possuem melhores condições financeiras conseguem comprar.

Essa biblioteca permite que os atletas usem as próteses e devolvam, ou até mesmo troquem por outra. O projeto também conta com especialistas que orientam sobre o equipamento e possui um ambiente especial para que as crianças e os jovens possam brincar, correr e se divertir até encontrarem a prótese adequada às suas necessidades.

“Esperamos que essa exposição possa alcançar pessoas de áreas técnicas, esportivas e humanitárias para que vejam a beleza dessa iniciativa. Ken Endo não quer somente inspirar o Brasil, mas também inspirar os atletas paralímpicos do Japão, já que os brasileiros são destaque nas Paralimpíadas”, finaliza Klug.

Serviço

Tecnologia em Movimento por Xiborg conta com o apoio do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e patrocínio da Aubicon. A mostra segue em exibição até 26 de fevereiro de 2023 e abre de terça à sexta, das 10h às 18h; aos sábados, das 9h às 19h, e aos domingos e feriados, das 9h às 18h. A Japan House São Paulo está localizada na Avenida Paulista, nº 52.

 

 

Fonte: Revista Galileu

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