Falta internet e geladeira para vacinas, mostra pesquisa em 5 mil cidades

Instituto Locomotiva e Movimento Unidos Pela Vacina mostram abrangência do SUS, mas carência na ponta contra a covid-19.
Onde estão os gargalos para acelerar a vacinação no Brasil? Alguns deles são mais que conhecidos: negação do governo central, atraso na negociação com laboratórios, dificuldades logísticas, competição internacional acirrada. Outros, porém, se espalham pelos mais de 5 mil municípios brasileiros. E ficam claros numa pesquisa do Movimento Unidos Pela Vacina revelado em primeira mão pela EXAME.

Junto com o Instituto Locomotiva, o movimento fez uma pesquisa que ouviu 5.569 dos 5.570 municípios brasileiros com o objetivo de mapear os desafios que enfrentam para vacinar a população contra a covid-19.

Primeiro, a boa notícia. Todos os municípios pesquisados possuem sala de vacinação, o que mostra a abrangência do SUS, o sistema único de saúde brasileiro. Mas a pesquisa mostra que os entrevistados apontam a necessidade de reforçar e melhorar essa estrutura para enfrentar os desafios de uma pandemia como a atual. Dos municípios pesquisados, 40% não têm geladeira com medição de temperatura. Um grupo de 19%, mais de mil cidades, não tem internet para registrar as imunizações — 12% não têm sequer computador. Em 15% falta até pia com água e sabão.

Mas quase todas as cidades (99%) previram a vacinação em domicílio, e 67% organizaram postos móveis ou sistema de drive thru. Mas apenas 48% têm unidades de vacinação abertas aos sábados e domingos.

Unidos pela Vacina busca foi criado a partir de iniciativa da empresária Luiza Helena Trajano, retratada na reportagem de capa da última edição da EXAME. Reúne empresários e mais de 85 mil voluntários para ampliar o ritmo e a organização da vacinação pelo país. A pesquisa é uma das ferramentas nesse esforço.

“A pesquisa deixou claro o tamanho e a abrangência do Sistema Único de Saúde. Ele chega em cidades em que nem os bancos ou grandes redes de varejo chegam”, diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva. “Mas num país continental, a iniciativa privada pode e deve contribuir para que o SUS faça a vacina chegar em quem mais precisa. São os brasileiros mais pobres os que mais precisam de postos móveis e campanha nos fins de semana, por exemplo”.

O ritmo, como se sabe, tem que aumentar. Até esta sexta-feira foi aplicada ao menos uma dose em 27 milhões de brasileiros e as duas doses em 10 milhões de pessoas (ou 5% da população total). As promessas de vacinas seguem crescendo, como a notícia de que o governo negocia a compara de mais 100 milhões de doses da vacina da Pfizer.

Segundo a pesquisa do Unidos pela Vacina, 47% dos secretários municipais apontam a falta do imunizante como principal desafio para acelerar o ritmo de vacinação. Um grupo de 16% acredita que imunizará todos os moradores até setembro. Se o ritmo é lento, falta, segundo os municípios, mais ênfase ao isolamento.

Embora 97% das cidades realizem campanhas educativas sobre o distanciamento e 86% adotem restrições, 54% apontam que menos da metade da população obedece as medidas.

Fonte Exame

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