Lágrimas e críticas ao Ministério da Saúde em sessão da Câmara, com Brasil batendo recorde de mortes por Covid-19

Representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) participaram de uma sessão na Câmara dos Deputados para debater a crise no fornecimento de medicamentos para pacientes diagnosticados com coronavírus

 Representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) ficam emocionados ao relatar o colapso hospitalar no País. Eles participaram de uma sessão extraordinária realizada na Câmara dos Deputados na tarde dessa terça-feira (23), para debater a crise no fornecimento de medicamentos necessários à intubação para pacientes diagnosticados com coronavírus. No mesmo dia, o Brasil bateu o recorde de casos da Covid-19, com 3,2 mil mortes em 24 horas, apontou o Conass.

De acordo com Heber Dobis, consultor de assistência farmacêutica do Conass, os fornecedores de remédios “têm parcelado [o prazo das] entregas até agosto e ameaçando sair dos contratos, caso as Secretarias não aceitem”. “Não há produto para todo mundo em estoque. Nossa primeira orientação é aceitar os parcelamentos, porque é o que tem. Mas isso não é suficiente para pronta-entrega e esse é o nosso problema hoje”, disse. Os relatos foram publicados pelo jornal O Estado de S.Paulo.

O consultor informou que, em parceria com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), o Conass tem monitorado há 39 semanas o consumo médio e o estoque em mais de 1,6 mil hospitais estaduais.

“A partir de janeiro, com a explosão de novos casos no Amazonas, esse consumo extrapolou qualquer previsão e temos um cenário pior do que ano passado, com mais casos, menos produto e menos chance de venda”, disse. “A crise seria superada se tivéssemos uma ação coordenada e centralizada no Ministério da Saúde”, acrescentou.

Depois ele se emocionou ao relatar o sufoco dos governos estaduais. “Não está fácil para o gestor. Todo dia tem pedido de socorro e a gente começa a se sentir incapaz. Fiquem em casa, na medida do possível. Nós estamos trabalhando incansavelmente. Apoiem os gestores a saírem dessa crise”.

Diretora da agência, Meiruze Souza Freitas destacou que 95% dos insumos farmacêuticos utilizados no Brasil são de origem internacional. “As empresas estão no seu limite de produção e algumas praticamente se dedicaram à produção dos medicamentos para intubação, o que é um problema porque há o risco de desabastecimento de outros medicamentos”, frisou. “A produção brasileira está no seu limite”.

A dirigente também se emocionou e, com a voz embargada, disse: “Eu me junto à fala do Conass, porque muitas vezes me emociono nesse processo. É dramático, é horrível saber que pessoas estão nos hospitais sem acesso à assistência básica, que é a analgesia”.

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