Mesmo com time B, Flamengo vence Botafogo por 2X0 e lidera carioca

Durante 60 minutos, não foi apenas um clássico: foi um choque de realidade. Não é uma aberração que, mesmo com um time formado por reservas e jogadores jovens, o Flamengo vença o Botafogo. Ainda mais um Botafogo em plena e total reconstrução às portas de jogar a Série B.

O que chama atenção é a diferença nas sensações. Três dias após um empate com o Vasco em que teve momentos de superioridade e aparentou estar ganhando estrutura, o Alvinegro sequer conseguiu competir, durante uma hora de partida, com um time rubro-negro absolutamente desfigurado. Foram 25 finalizações do Flamengo contra seis do Botafogo.

O duelo do Nílton Santos, aliás, reforça uma sensação indesejável, porém cada vez mais habitual nos choques entre os grandes do Rio. A disparidade econômica e técnica já é duradoura, a ponto de gerar uma espécie de resignação. É cada vez mais frequente que os times assumam papéis bem claros: seja contra um Flamengo titular ou reserva, os rivais parecem admitir que só resta fazer um jogo de resistência.

Mas há questões a ponderar. É natural que o Botafogo ainda se mostre tão distante de ganhar um molde, uma forma confiável. É um trabalho embrionário e feito com pouquíssimo dinheiro.

Já o Flamengo, ainda à espera de suas estrelas e em situação muito mais estável, colhe frutos deste início de Estadual: prepara seus principais jogadores e vê novas peças apresentarem credenciais. Rodrigo Muniz exibe qualidades para ganhar mais minutos, embora numa posição muito bem servida no elenco; João Gomes ganha confiança e personalidade para ditar o ritmo no meio; Hugo Souza e o recém-contratado Bruno Viana tiveram bons momentos. Veja melhores momentos;

Mas por que o Flamengo sobrou em boa parte do jogo? Em parte, porque Marcelo Chamusca ainda busca implantar um modelo de jogo e encontrar os melhores intérpretes. Se a ideia é, de fato, ter um time com retomada da bola e ataques rápidos, a opção por Rickson pelo lado direito, no 4-4-2 empregado no Nilton Santos, não funcionou. Porque o time ficou dependente de Warley como único escape de velocidade. Ou do jogo direto para Matheus Babi tentar aparar a bola e esperar a chegada do time.

Sem a bola, o Botafogo ainda sofria ao se ver quase sempre em inferioridade numérica. Marcinho e Babi tentavam marcar a saída de bola rubro-negra, mas eram batidos e viam Hugo Moura ou João Gomes recebendo a bola às suas costas. A partir daí, os volantes do Flamengo juntavam-se a Pepê e a Vitinho, que se movia da ponta para o meio, sobrecarregando José Welison e Frizzo.

Quando Rickson abandonava a marcação pelo lado para sair em socorro dos volantes, quem sobrava era Renê ou Michael pela ponta. Para piorar, com a bola o Botafogo sucumbia à retomada rápida do Flamengo. José Welison, em especial, tinha muita dificuldade de sair da pressão.

Foi com esta pressão para retomar logo a bola que o Flamengo encontrou o primeiro gol, de João Gomes. Ficou a sensação de que o placar do intervalo era magro, tamanho o domínio. O que fez Marcelo Chamusca jogar novas cartadas. Voltou para o segundo tempo com Ronald na ponta direita e Felipe Ferreira na vaga do apagadíssimo Marcinho. Teve mais qualidade técnica em campo, em especial após colocar Kayque, aos 14 minutos.

Até ali, o Flamengo aproveitava os espaços mais fartos e perdia chances de ampliar. Mas, aos poucos, o Botafogo ao menos passou a incomodar o Rubro-Negro, fazer o jogo acontecer um pouco mais em seu campo ofensivo. Seria a chance de testar uma nova opção para Chamusca, até Rodrigo Muniz, em ótima jogada, provocar a expulsão de Kanu. Aí sim, só restou ao Botafogo resistir e ver Hugo Moura fechar a conta.

Na prática, a temporada 2021 do Flamengo sequer começou. A do Botafogo confirma as expectativas: seria irreal imaginar uma reconstrução vivida em voo de cruzeiro.

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