Nova variante do coronavírus é confirmada no Amazonas

Estudo realizado por pesquisadores da Fiocruz Amazônia identificou nova linhagem da doença diferente da ‘original’. Nova variante tem nome provisório de B.1.1.28

Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Amazônia identificaram uma nova variante do SARS-CoV-2 que circula no Amazonas, ainda sem data exata de surgimento. A descoberta ocorreu após análise de amostras coletadas desde março, quando os cientistas passaram a fazer a caracterização das cepas [tipos] de coronavírus que circulam no estado. O resultado foi divulgado em nota técnica nesta terça-feira (12).

O vírus mutante ganhou o nome provisório B.1.1.28 (K417N / E484K / N501Y), e, segundo a Fiocruz, as mutações mais recentes são de novembro e dezembro de 2020. Este ‘novo’ coronavírus é o mesmo encontrado em viajantes do Amazonas e identificados com a cepa no Japão, no último domingo.

Segundo o pesquisador da Fiocuz Amazônia, um dos responsáveis pelo estudo, Felipe Naveca, é normal que os vírus mudem com o tempo.

“A evolução nos vírus é esperada. O Sars-Cov-2 [novo coronavírus] até evolui menos do que os outros vírus, porque ele tem uma propriedade que faz um certo controle disso. Essa variante descoberta no Japão chama a atenção, porque elas acumularam muitas variações em pouco tempo, assim como a do Reino Unido e da África do Sul”, explica ele.

Os próximos passos, segundo o especialista, são novos estudos para aprofundar o que já se descobriu sobre a variante do coronavírus.

“Vamos aprofundar esse estudo com os sequenciamentos de dezembro de 2020 a janeiro de 2021 para identificarmos se essa mutação já estava em grande quantidade no Amazonas, e também com qual frequência. Também pretendemos identificar novas linhagens que possam surgir”, afirma o cientista.

Segunda onda

Uma das principais dúvidas referentes a essa cepa recém-descoberta é se poderia ser esta a causa de uma segunda onda de Covid-19 no Amazonas, como ocorre desde dezembro do ano passado. Segundo Felipe Naveca, essa resposta ainda exige mais estudos.

“A gente ainda precisa aumentar o número de amostras analisadas para ter certeza, seria uma evidência mais forte. Mas eu sempre considero que essa situação é multifatorial [da segunda onda]. A gente tem o início da temporada dos vírus respiratórios na Amazônia a partir de novembro, e temos também a diminuição do distanciamento social”, comenta o pesquisador.

O que muda no novo vírus

Segundo a Fiocruz, as variantes de coronavírus que causaram a epidemia no Brasil, ainda em fevereiro de 2020, são as chamadas B.1.1.28 e B.1.1.33. Apesar disso, novos estudos demonstram que as mutações ocasionaram o surgimento de novas versões do vírus, como a que foi identificada no Amazonas.

“A variante encontrada por pesquisadores japoneses tem uma série de mutações que ainda não haviam sido encontradas. Algumas envolvem mutação na proteína spyke (espinho, em inglês), que faz a interação inicial com a célula humana, e isso chama bastante atenção, porque é um vírus que acumulou bastante mutação durante pouco tempo”, analisa o cientista.

Como a identificação foi feita

Para a identificação da nova variante de coronavírus, os pesquisadores da Fiocruz analisaram amostras que foram coletadas em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen) e Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), essa última, que produz os boletins sobre Covid-19, no Estado.

“Recebemos as amostras, identificados o teste positivo [para Covid-19] com o RT-PCR, e fazemos um tratamento que purifica o material genético de vírus. Em seguida, ele passa por uma série de processamentos até ser colocado em um sequenciador. Este sistema lê cada base do material genético, e com a ajuda de programas de computador, reconstruímos o material que forma o vírus. Uma vez montada essa sequência, revisamos para manter em alta qualidade, e comparamos com amostras já registradas ao redor do mundo” explica Felipe Naveca.

Prevenção continua a mesma

A Fiocruz ainda não sabe informar se a nova cepa encontrada no Amazonas é mais mortal ou ainda mais transmissível, no entanto, ressalta que as medidas de prevenção são as mesmas para o primeiro tipo de coronavírus.

“Um recado importante é que o vírus mutante ou o original não atravessam às máscaras, não resistem à lavagem das mãos, e também são prejudicados com o distanciamento social, portanto é um apelo, precisamos frear a evolução desse vírus e só fazemos isso diminuindo o contato entre as pessoas, seja ele o original ou a nova versão”, orienta o cientista da Fiocruz.

Fonte Em Tempo.

Like
Cutir Amei Haha Wow Triste Bravo