Falar em vacina no Brasil ou qualquer outro lugar do mundo hoje, remete a esperança de que seremos capazes de vencer a Covid-19. No entanto, não temos conseguido conter alguns instintos e sentimentos mais deploráveis nos seres humanos, que se utilizam do crime, para furar a fila e se vacinar antes de seus respectivos grupos estabelecidos.
Além do desvio de vacinas e de conduta, por parte dessas ditas pessoas, nos deparamos com a conivência de funcionários públicos, mesmo que em cargos de confiança apenas, permitindo no caso de Manaus, de acordo com a lista entregue pela própria prefeitura, crimes que variam de CPFs inexistentes, passam por nomes de servidores do alto escalão, nomes duplicados, advogados amigos, empresários amigos etc….
Situações como essas, não ocorrem sem que os tomadores de decisão estejam sabendo, ainda que, como afirmou o próprio prefeito de Manaus, assinar várias nomeações sem saber quem estava nomeando, onde o descaso e a ausência de gestão são tão graves quanto e levam a possíveis desvios.
É imperioso que a justiça faça seu trabalho, investigue e puna todos os que propiciaram esses crimes contra a coletividade mas, não podemos esperar mais a vacinação por culpa dos entes e agentes públicos que já deixaram claro seu descaso com camada da população a quem de direito são destinadas essas primeiras doses.
Gostaríamos de acreditar que fosse possível apenas entregar as autoridades locais um dicionário, para descobrirem o que significam essas duas palavras ligadas por uma preposição, que formam a expressão “linha de frente”, no entanto, temos receio que não consigam acompanhar a ordem alfabética do dicionário e queiram modificá-la para que os nomes de seus amigos apareçam primeiro.
O fato é que, esperamos da justiça o rigor e a agilidade que lhe compete na apuração e punição dos envolvidos, desde o mais alto escalão ao cidadão sem noção que fura a fila, ou do contrário a “Lei de Gerson” nunca terá sido tão bem aplicada, para nossa tristeza e vergonha em rede nacional e internacional.
O verdadeiro cidadão amazonense quer sim a vacina mas, não a preço da morte de outros, que todos os dias se arriscam de verdade para salvar vidas nos hospitais, no SAMU, cuidando de pessoas e não fazendo de conta, aparecendo como vacinado em local que não trabalha, ou no local que não lhe confere direito a linha de frente ou ainda, com CPFs que não existem.
Dizem que o tempo julga as ações dos gestores públicos mas, nesse caso, lembremos das milhares de vidas que se foram, muitas sem atendimento, sem oxigênio, sem despedida, enterradas em valas comum, para que pese sobre todos os “fura fila” e os respectivos gestores que nesses momento não cumprem sua obrigação para com o povo.
