Estados do Sul já batem recordes de mortes em março

  • O Paraná registrou, do dia 1º até terça-feira (16), 2.245 mortes por Covid-19.O recorde anterior do estado era de janeiro, quando 2.041 pessoas morreram durante todo o mês.
  • Em Santa Catarina, foram 1,6 mil mortes até a mesma data. O recorde anterior era de dezembro, quando 1.491 pessoas perderam a vida para a doença.
  • O Rio Grande do Sul registrou 3.214 óbitos. O recorde anterior do estado também era de dezembro, quando 2.059 pessoas morreram.
  • Em Rondônia, foram registradas 614 mortes até o dia 16. O recorde prévio era do mês passado, quando 606 pessoas morreram em todo o mês de fevereiro.

Todos os estados do Sul – assim como o resto do Brasil – vêm sofrendo com um o colapso no atendimento de pacientes com coronavírus. Na terça-feira (16), a Fiocruz disse que o país passava pelo “maior colapso sanitário e hospitalar da história”.

Em uma cidade de Rondônia, servidores precisaram comprar oxigênio por conta própria após o início de um colapso. O estado bateu recorde de novos casos nesta quarta (17).

Especialistas ouvidos pelo G1 ouvidos no início de março atribuem a lotação das UTIs a diversos fatores: progressão rápida do vírus, especialmente da variante brasileira, relaxamento da população e falta de gestão das autoridades.

Sem margem para ampliação de leitos que acompanhe o crescimento desenfreado de contágio, a equação não fecha. A falta de recursos, principalmente humanos, torna difícil de contornar o problema a curto prazo, segundo o secretário de Saúde do PR, Beto Preto.

“Nós estamos no limite de recursos humanos. O Conselho Regional de Medicina editou uma nova normativa aceitando uma equipe médica a cada 15 leitos de UTI, antes era uma equipe médica a cada 10 leitos. Está nos ajudando isso”, apontou.

Apesar da alta nas mortes por coronavírus, o governador do RS, Eduardo Leite (PSDB), afirma que já registra menores taxas de contágio e de novos internados por dia em hospitais e analisa a retomada da cogestão do modelo de Distanciamento Controlado a partir de segunda-feira (22). A ocupação nos leitos de UTI nesta quarta-feira atingiu 109%, o que representa 300 pessoas a mais do que a capacidade.

No PR, o governador Ratinho Junior (PSD) prorrogou até 1º de abril as medidas menos restritivas adotadas desde 10 março. Na terça (16), quando foi publicado o decreto de prorrogação, o estado teve o maior número de mortes por Covid-19 em um dia, com 310 registros. Pelo decreto, continua em vigor o toque de recolher entre 20h e 5h. O comércio e serviços não essenciais podem funcionar com restrições em dias de semana. As aulas presenciais da rede estadual permanecem suspensas.

E, em SC, a escalada de contágio atinge todo o estado que, há três semanas, está nonível considerado mais grave para a transmissão da doença. Nesta quarta, 442 pessoas esperam por um leito de UTI. Uma das regiões que mais preocupa é a Grande Florianópolis, onde 17 municípios se uniram e adotaram um decreto único que restringe a circulação de pessoas. O governador Carlos Moisés da Silva (PSL), disse que “temos que aprender a conviver com o vírus” e estuda reduzir as atuais restrições aos fins de semana, incluem limitação de horários e lotação nos estabelecimentos.

É preciso parar, apontam os especialistas. O vírus e a circulação. Para o professor Fabrício Mengon, do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a aplicação das medidas restritivas devem ter como base o conhecimento científico.

“As medidas restritivas que causam impacto na redução na curva de casos e de mortalidade devem durar pelo menos duas semanas, devem prever a restrição inclusive de atividades do comércio varejista e de todas as outras atividades não essenciais. Não podemos pensar em medidas, não é tolerável pensar em medidas que são baseadas em horários específicos de circulação de pessoas. Por que o vírus não respeita horário de circulação”, explica Mengon (veja no vídeo abaixo).

Com sistema de saúde em colapso por causa da pandemia, Florianópolis adota restrições.

Para o presidente da Regional do RS da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), o médico Wagner Nedel, a disseminação da variante P.1, considerada mais transmissível e causadora de sintomas mais intensos, e a “confiança” da população, que diminuiu o isolamento social, aceleraram a progressão de casos.

“Acho que tem causa bem clara para isso foi a progressão de casos graves de uma maneira muito rápida, acelerada. Tínhamos um momento de estabilidade e a população começou a ter mais confiança”, apontou.

O epidemiologista e professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) Airton Stein também relaciona a postura da sociedade com a ocupação dos hospitais, e cobra uma melhora na atuação dos gestores públicos.

“[É necessário] Melhorar o sistema de informação entre o gestor municipal e a população de uma forma que entenda a relação direta da falta de comprometimento entre o comportamento populacional e o aumento muito rápido de ocupação dos leitos nas unidades de atendimento hospitalar”, disse.

Fonte G1

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